O MASP é um
método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento
de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de
problemas e obtenção de resultados otimizados. O MASP se aplica aos problemas
classificados como “estruturados” (SIMON, 1997; NEWELL et al.(1972), cujas
causas comuns (DEMING, 1990) e soluções sejam desconhecidas (HOSOTANI, 1992),
que envolvam reparação ou melhoria (NICKOLS, 2004) ou performance (SMITH, 2000)
e que aconteçam de forma crônica (JURAN et al., 1980; PARKER; 1995). Pode-se
perceber que para serem caracterizados da forma acima, os problemas precisam
necessariamente possuir um comportamento histórico. Devido à esse fato, o MASP
se vale de uma abordagem que Parker (1995) caracteriza como “reativa”, o que
contrasta com a abordagem “proativa” necessária aos problemas de engenharia
(NICKOLS, 2004) ou de concepção (SMITH, 2000; AVRILLON, 2005).
A introdução
do QC-Story na literatura foi feita por Campos (2004). O método é apresentado
apenas como um componente do Controle da Qualidade Total, um movimento de
proporções muito mais amplas. O método apresentado pelo autor é denominado de
MSP – Método de Solução de Problemas, que se popularizou como MASP - Método de
Análise e Solução de Problemas. Embora não ressalte as diferenças nos passos ou
sub-passos das abordagens, Campos (2004) afirma que o Método de Solução de
Problemas apresentado por ele “é o método japonês da JUSE (Union of Japanese
Scientists and Engineers) chamado ‘QC-Story’”. Talvez devido aos fatores
históricos e influências culturais e gerenciais, o MASP é o método de solução
de problemas mais difundido e utilizado no Brasil (ALVAREZ, 1996). Em Minas
Gerais por exemplo, ele é empregado e discutido em grupos de empresas e
profissionais há mais de 20 anos.
O MASP é um
caminho ordenado, composto de passos e sub-passos pré-definidos para a escolha
de um problema, análise de suas causas, determinação e planejamento de um
conjunto de ações que consistem uma solução, verificação do resultado da
solução e realimentação do processo para a melhoria do aprendizado e da própria
forma de aplicação em ciclos posteriores. O MASP prescreve como um problema
deve ser resolvido e não como ele é resolvido, contrapondo dois modos de tomada
de decisão que Bazerman (2004) denomina de “modelo prescritivo” e “modelo
descritivo”. O MASP segue o primeiro modelo e por esse motivo é também definido
como um modelo racional. Partindo também do pressuposto de que toda solução há
um custo associado, a solução que se pretende descobrir é aquela que maximize
os resultados, minimizando os custos envolvidos. Há portanto, um ponto ideal
para a solução, em que se pode obter o maior benefício para o menor esforço, o
que pode ser definido como decisão ótima (BAZERMAN, 2004).
A construção
do MASP como método destinado a solucionar problemas dentro das organizações
passou pela idealização de um conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um
conjunto de idéias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a
formulação e comprovação de hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos,
dentre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
O MASP é
formado por oito etapas:
Etapas do
MASP: Objetivos das etapas
Embora sejam
decorrentes do mesmo conceito (PDCA), as etapas e passos do MASP encontrados na
literatura podem ter pequenas diferenças. Algumas etapas podem ser apresentadas
juntas, outras separadas, de acordo com a visão do autor mas, em geral, a
estruturação é a mesma. A estrutura de oito etapas apresentada abaixo é a mais
conhecida e mais utilizada em grupos de melhoria e em Círculos de Controle da
Qualidade - CCQs:
· Identificação do problema: Definir
claramente o problema e reconhecer sua importância.
· Observação: Investigar as características
específicas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista.
· Análise: Descobrir as causas
fundamentais.
· Plano de ação: Conceber um plano para
bloquear as causas fundamentais.
· Ação: Bloquear as causas fundamentais.
· Verificação: Verificar se o bloqueio
foi efetivo.
· Padronização: Prevenir contra o
reaparecimento do problema.
· Conclusão: Recapitular todo o processo
de solução do problema para trabalho futuro.
As oito etapas acima
são subdivididas em passos (ver abaixo). A existência desses passos é o que
caracteriza o MASP e o distingue de outros métodos menos estruturados de
solução de problemas, como as Ações Corretivas, muito comumente usadas em
organizações certificadas ISO 9001. Hosotani (1992) também descreve um método
estruturado, com 28 passos distribuídos nas oito etapas. No Brasil, foi o
método de Kume (1992) que mais teve aceitação, tornado popular por Campos
(2004), cujas etapas e passos são descritos a seguir.
Etapa 1:
Identificação do problema
A identificação
do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é
empregado. Se feita de forma clara e criteriosa pode facilitar o
desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do
resultado. Charles F. Kettering, cientista e inventor norte-americano, observa
que “um problema bem definido é um problema meio solucionado”.
A
identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: (a) selecionar um
tópico dentre uma série de possibilidades, concentrando o esforço para a obtenção
do maior resultado possível; e (b) aplicar critérios para que a escolha recaia
sobre um problema que mereça ser resolvido.
Passos da
Etapa 1 - Identificação do problema
· Identificação dos problemas mais comuns
· Levantamento do histórico dos problemas
· Evidência das perdas existentes e
ganhos possíveis
· Escolha do problema
· Formar a equipe e definir
responsabilidades
· Definir o problema e a meta
Etapa 2: Observação
A observação
do problema é a segunda etapa do MASP e consiste averiguar as condições em que
o problema ocorre e suas características específicas do problema sob uma ampla
gama de pontos de vista. O ponto preponderante da etapa de Observação é coletar
informações que podem ser úteis para direcionar um processo de análise que será
feito na etapa posterior. Kume (1992) compara esta etapa com uma investigação
criminal observando que “os detetives comparecem ao local do crime e investigam
cuidadosamente o local procurando evidências” o que se assemelha a um
pesquisador ou equipe que buscam a solução para um problema.
Passos da
Etapa 2 - Observação
· Observação das características do
problema através de dados existentes
· Observação do problema no local
· Cronograma de trabalho
Etapa 3:
Análise
A etapa de
análise é aquela em que serão determinadas as principais causas do problema. Se
não identificamos claramente as causas provavelmente serão perdidos tempo e
dinheiro em várias tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a etapa
mais importante do processo de solução de problemas.Para Kume (1992) a análise
se compõe de duas grandes partes que é a identificação de hipóteses e o teste
dessas hipóteses para confirmação das causas. A identificação das causas deve
ser feita de maneira “científica” o que consiste da utilização de ferramentas
da qualidade (HOSOTANI, 1992), informações, fatos e dados que dêem ao processo
um caráter objetivo.
Passos da
Etapa 3 - Análise
· Levantamento das variáveis que
influenciam no problema
· Escolha das causas mais prováveis
(hipóteses)
· Coleta de dados nos processos
· Análise das causas mais prováveis;
confirmação das hipóteses
· Teste de consistência da causa
fundamental
· Foi descoberta a causa fundamental?
Etapa 4:
Plano de Ação
Segundo
Ishikawa (1986), “a descoberta de anomalias, se não for seguida da adoção das
medidas saneadoras, será algo inútil”. Assim, uma vez que as verdadeiras causas
do problema foram identificadas, ou pelo menos as causas mais relevantes entre
várias, as formas de eliminá-las devem então serem encontradas (PARKER, 1995).
Para Hosotani (1992) esta etapa consiste em definir estratégias para eliminar
as verdadeiras causas do problema identificadas pela análise e então
transformar essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do processo em que
o problema se apresenta, é possível que possa existir um conjunto de possíveis
soluções. As ações que eliminam as causas devem, portanto, ser priorizadas,
pois somente elas podem evitar que o problema se repita novamente.
Passos da
Etapa 4 - Plano de Ação
· Elaboração da estratégia de ação
· Elaboração do plano de ação
· Negociação do plano de ação
Etapa 5:
Ação
Na seqüência
da elaboração do plano de ação, está o desenvolvimento das tarefas e atividades
previstas no plano. Esta etapa do MASP se inicia por meio da comunicação do
plano com as pessoas envolvidas, passa pela execução propriamente dita, e
termina com o acompanhamento dessas ações para verificar se sua execução foi
feita de forma correta e conforme planejado.
Passos da Etapa 5 - Ação
· Divulgação e alinhamento
· Execução das ações
· Acompanhamento das ações
Etapa 6:
Verificação
A etapa 6 –
Verificação - do MASP representa sozinha a fase de check do ciclo PDCA e
consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o efeito final (problema) e outros
aspectos para analisar as variações positivas e negativas possibilitando
concluir pela efetividade ou não das ações de melhoria (contramedidas). É nesta
etapa que se verifica se as expectativas foram satisfeitas, possibilitando
aumento da auto-estima, crescimento pessoal e a descoberta do prazer e
excitação que a solução de problemas pode proporcionar às pessoas (HOSOTANI,
1992). Parker (1995) observa que “nenhum problema pode ser considerado
resolvido até que as ações estejam completamente implantadas, ela esteja sob
controle e apresente uma melhoria em performance”. Assim, o monitoramento e
medição da efetividade da solução implantada são essenciais por um período de
tempo para que haja confiança na solução adotada. Hosotani (1992) também
enfatiza este ponto ao afirmar que os resultados devem ser medidos em termos
numéricos, comparados com os valores definidos e analisados usando ferramentas
da qualidade para ver se as melhorias prescritas foram ou não atingidas.
Passos da
Etapa 6 - Verificação
· Comparação dos resultados com a meta
estabelecida
· Identificação dos efeitos secundários
· A ação foi efetiva
Etapa 7:
Padronização
Uma vez que
as ações de bloqueio ou contramedidas tenham sido aprovadas e satisfatórias
para o alcance dos objetivos ela podem ser instituídas como novos métodos de
trabalho. De acordo com Kume (1992) existem dois objetivos para a padronização.
Primeiro, afirma o autor, sem padrões o problema irá gradativamente retornar à
condição anterior, o que levaria à reincidência. Segundo, o problema
provavelmente acontecerá novamente quando novas pessoas (empregados,
transferidos ou temporários) se envolverem com o trabalho. A preocupação neste
momento é portanto a reincidência do problema, que pode ocorrer pela ação ou
pela falta da ação humana. A padronização não se faz apenas por meio de
documentos. Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos
pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME, 1992), o que inclui a educação
e o treinamento.
Passos da
Etapa 7 - Padronização
· Elaboração ou alteração de documentos
· Treinamento
· Registro e comunicação
· Acompanhamento dos resultados do padrão
Etapa 8: Conclusão
A etapa de
Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da
conclusão são basicamente rever todo o processo de solução de problemas e
planejar os trabalhos futuros. Parker (1995, p. 54) reconhece a importância de
fazer um balanço do aprendizado, aplicar a lições aprendidas em novas
oportunidades de melhoria.
Passos da
Etapa 8 - Conclusão
· Identificação dos problemas
remanescentes
· Planejamento das ações
anti-reincidência
· Balanço do aprendizado
· O MASP é um método que permanece atual
e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão
da Qualidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por
organizações de todos os portes e ramos.
(Fonte:Wikipedia)
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